Lilypie Lilypie Second Birthday tickers

sábado, agosto 06, 2005

Quase um ano

Dia 8 está aí a chegar, e com ele o primeiro aniversário da nossa princesa.
Por ser sábado à noite e porque a Francisca nasceu ao domingo, lembro-me desse fim-de-semana há um ano atrás.
A minha barriga, grande, enorme. Nem sei como é que eu me conseguia mexer...
A alegria e ansiedade com que passei o dia de sábado, porque "é já amanhã".
A noite que passei em branco. Pensei, pensei, pensei.
Como é que iria ser, como é que me iriam tratar, se iria correr tudo bem, se eu sobreviveria (sobrevivi!), se ela seria perfeitinha (muito!), tanta coisa...

Lembro-me da manhã de domingo, chuvosa. A despedida dos meus pais "até logo". E umas lágrimas nos olhos disfarçadas.
Da viagem para a maternidade com o pai Tiago. Super ansiosa, eu. Mas sem o querer demonstrar. (acredito que ele também o estaria)

A chegada à maternidade. Tudo muito calmo. A inscrição. "é para uma cesariana"
A espera.
A espera.
A espera.
Chega uma enfermeira. Chega o médico. Uma última ecografia e mais umas observações. Mandam-me subir.
(o coração começa a acelerar...)
E é o sentir que não há volta a dar-lhe.
Estou ali porque a Francisca vai nascer e não posso vir-me embora. Sensação de entrar numa montanha russa e não poder sair antes da volta acabar...
A espera.
Ainda foi longa. O soro, que não me largou até ao 2º dia da Francisca. Ia desmaiando, a enfermeira não acertou à primeira tentativa. Ao 2º dia já me doíam as veias, já parecia que o catéter estava partido dentro da mão.
Mais espera.
Vem uma urgência, entra no bloco antes de mim.
Uma da tarde. "vamos lá despachar isto antes do almoço", queriam eles.

Sigo para o bloco. Conversa para aqui, conversa para ali. "E o antibiótico?", perguntei eu, que tinha instruções do cardiologista para fazer antibiótico antes de qualquer intervenção por causa do prolapso da válvula mitral.
"Antibiótico?!?"... não tinham essa indicação...
Uma hora de perfusão, portanto saí do bloco.
Era hora do almoço, o pessoal foi almoçar.
A espera.
O desespero. Já nem acreditava muito que a minha vez ia chegar.

Três da tarde.
Finalmente. Bloco.
A anestesista não tinha as minhas análises. E por isso, por precaução, segundo ela, tinha que ser anestesia geral. (nota: o Tiago, que estava à minha espera tinha uma cópia das análises com ele...)
Vamos lá - tem mesmo que ser.
Adormeci. Nem me lembro muito bem. (engraçado, há dias que me consigo lembrar do que estava a falar com o pessoal no bloco, hoje não).
Vinte minutos depois senti-me a acordar, tudo o que me lembro é que não estava a conseguir respirar, parecia que tinha estado muito tempo debaixo de água.... mas olhei para o lado e lá estava ela, a minha mais que tudo, a minha princesa, a minha Francisca.
Lembro-me que me levaram para o quarto. Lembro-me das dores que tive. Do que me custou pôr-me de pé. De praguejar algures no tempo que não ia ter mais filhos.
Da chuva, que caiu todos os dias enquanto estivémos na maternidade, nem parecia Agosto. (mas que veio mesmo a calhar porque Coimbra é uma cidade muito quente).
Da fome que passei. Não pude comer enquanto não me tiraram o soro... A primeira refeição (um caldo de canja) soube-me maravilhosamente.
Do choro dos bebés das outras recém-mamãs durante a noite. A Francisca era muito calminha.
Do tempo que nunca mais passava para vir para casa.
De passar horas a jogar no telemóvel (o tempo custava a passar em algumas partes do dia).
Das visitas (algumas bem aborrecidas).
Da primeira fralda que mudei.
O primeiro cocó de bebé que mudei.
O primeiro banho. A primeira mamada.
Tanta coisa pela primeira vez.

E o primeiro ano, que está mesmo mesmo a chegar ao fim. Com tantas recordações.
Com tanta mudança na minha vida. (como é que ser mãe nos muda tanto?)